Você conhece o fenômeno físico da dilatação e contração térmica?
Você já parou para pensar o que acontece com os objetos quando são expostos a diferentes temperaturas ou por que alguns materiais se expandem enquanto outros contraem?
Por – Redação do Física Curiosa
A dilatação térmica é um fenômeno que ocorre em praticamente todos os materiais que conhecemos, sejam eles sólidos, líquidos ou gasosos. É um processo intrínseco que envolve mudanças dimensionais em resposta às variações de temperatura.
Essa propriedade pode ser encontrada em nosso cotidiano, desde a simples expansão dos trilhos de trem até a fabricação de termômetros precisos.
Em termos gerais, quando a temperatura de um corpo aumenta, suas dimensões também tendem a aumentar. Esse fenômeno é conhecido como dilatação térmica. Por outro lado, quando a temperatura diminui, é esperado que as dimensões do corpo se contraiam, o que é denominado contração térmica.
Explicando a Dilatação térmica
A intensidade das forças intermoleculares, representada por , varia em função da distância entre as moléculas, representada por . Quando um corpo é aquecido, as moléculas passam a se mover de forma mais vigorosa, o que implica em um aumento da agitação térmica.
Nesse movimento mais intenso, as moléculas conseguem afastar-se mais umas das outras e, ao mesmo tempo, aproximar-se mais. No entanto, a variação na intensidade das forças intermoleculares não se compensa de forma a não alterar as dimensões do corpo.
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Quando as moléculas se aproximam, a intensidade das forças intermoleculares aumenta, e quando se afastam, a intensidade das forças diminui. Portanto, o aumento da agitação térmica leva a uma média de distância entre as moléculas que é maior em comparação com o estado em que o corpo estava em temperatura mais baixa.
Essa alteração na distância média entre as moléculas resulta em uma expansão do corpo quando é aquecido. É por isso que, ao aquecermos um objeto, como um metal, ele geralmente se dilata, aumentando suas dimensões. Esse fenômeno é explicado pelas mudanças nas forças intermoleculares causadas pelo aumento da agitação térmica das moléculas.
Dilatação linear dos sólidos
A dilatação térmica dos sólidos é um fenômeno físico interessante e relevante, que ocorre quando um objeto sólido se expande ou contrai devido a variações de temperatura.
Vamos considerar o estudo da dilatação linear dos sólidos, onde nos concentramos na variação do comprimento de um objeto sólido em relação à temperatura.
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Imaginemos um fio metálico de comprimento inicial quando está em uma temperatura de referência . Se aquecermos esse fio até uma temperatura (onde > ), podemos observar que seu comprimento passa a ser L (sendo L > ). Agora, vamos explorar essa relação entre a variação de temperatura e a variação de comprimento.
Para entendermos a dilatação linear, é fundamental reconhecer que o fio metálico é homogêneo, ou seja, possui a mesma composição e propriedades ao longo de sua extensão.
Isso significa que cada unidade de comprimento do fio deve sofrer a mesma dilatação por unidade de variação de temperatura. Em outras palavras, todos os “centímetros” do fio devem sofrer o mesmo aumento de comprimento quando aquecidos igualmente.
Essa propriedade permite que possamos relacionar a variação de comprimento () do fio com a variação de temperatura () que ele sofre.
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Para isso, utilizamos uma grandeza chamada coeficiente de dilatação linear (), que é específico para cada material e expressa o quanto o comprimento de um objeto muda para cada variação de temperatura de 1 grau Celsius (ou Kelvin).
Podemos então escrever a relação:
Onde representa a variação de comprimento do fio, é o coeficiente de dilatação linear do material, é o comprimento inicial do fio e é a variação de temperatura experimentada.
É importante ressaltar que a dilatação linear ocorre tanto para o aumento quanto para a diminuição da temperatura. Quando um objeto sólido é resfriado, ele tende a contrair e seu comprimento diminui de acordo com a mesma relação descrita acima.
O coeficiente de dilatação linear α é uma característica intrínseca de cada material e pode ser determinado experimentalmente. Diferentes materiais possuem diferentes coeficientes de dilatação linear, o que significa que a mesma variação de temperatura pode resultar em variações de comprimento distintas em diferentes materiais.
É importante observar que o coeficiente de dilatação linear médio é uma propriedade específica de uma substância e indica a variação média de comprimento por unidade de comprimento quando ocorre uma variação unitária na temperatura. Lembrando que , podemos obter a expressão de em função de .
A representação gráfica do comprimento L em função da temperatura está apresentada abaixo:
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Dilatação Superficial dos sólidos
Para simplificar o estudo da dilatação superficial dos sólidos, vamos considerar uma placa metálica de formato quadrado, com lado , que está inicialmente à temperatura e é feita de um material com coeficiente de dilatação linear .
Ao aquecermos a placa até uma temperatura maior que , ocorrerá um aumento nas dimensões lineares da placa, resultando em um aumento na área de sua superfície. No entanto, mesmo com esse aumento, a placa continua mantendo a sua forma quadrada.
No início, a área da placa é expressa por:
(1)
Após o aquecimento, a área da placa foi modificada para:
(2)
Mas podemos relacionar e através da equação:
Elevando ao quadrado ambos os membros da equação, temos:
(3)
Substituindo (I) e (II) em (III), obtemos:
Como é da ordem de o termo pode ser desconsiderado devido a ser um valor muito baixo, portanto:
Ao considerarmos = , então:
A equação mencionada pode ser usada para calcular a dilatação superficial em superfícies de diferentes formas, incluindo retangulares, circulares ou de qualquer outra forma.
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Ao determinar comprimentos, larguras, áreas ou volumes de buracos, podemos aplicar as equações da dilatação e considerar o coeficiente de dilatação do material do corpo que forma o buraco. A dilatação superficial é calculada multiplicando o coeficiente de dilatação linear pelo comprimento ou raio da superfície e pelo aumento de temperatura.
Aplicações da Dilatação Térmica: Onde utilizamos a Dilatação Térmica na prática
A variação dimensional em resposta a mudanças de temperatura é importante em engenharia e indústria. Essa resposta térmica dos materiais garante o funcionamento adequado e a integridade de sistemas e estruturas. Aqui estão algumas aplicações práticas desse fenômeno:
- Construção de Estruturas: Ao projetar e construir estruturas, como pontes e edifícios, a variação dimensional devido às mudanças de temperatura é levada em consideração. Os materiais utilizados nessas estruturas, como concreto, aço e vidro, sofrem expansão ou contração térmica. O conhecimento dessa variação dimensional é essencial para garantir a estabilidade e evitar danos decorrentes das tensões térmicas.
- Setor Automotivo: Na indústria automotiva, a variação dimensional é considerada em diferentes componentes e sistemas. Por exemplo, ao projetar o sistema de escape de um veículo, é necessário levar em conta a dilatação térmica dos materiais para evitar vazamentos e garantir a vedação adequada. O mesmo se aplica a outros componentes, como o sistema de arrefecimento e os freios.
- Indústria Aeroespacial: Na indústria aeroespacial, onde as temperaturas podem variar drasticamente, a variação dimensional é uma consideração crítica. Os materiais utilizados nas aeronaves, como alumínio, titânio e compósitos, têm coeficientes de expansão térmica diferentes. Portanto, é necessário projetar e selecionar materiais de acordo com as condições de temperatura esperadas para garantir o desempenho adequado e a segurança das aeronaves.
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- Sistemas de Tubulação: Em sistemas de tubulação, como redes de água, vapor e óleo, a variação dimensional é um fator importante a ser considerado. Os tubos e conexões utilizados nesses sistemas podem sofrer dilatação ou contração térmica, o que pode levar a tensões e deformações. Juntas de expansão e dispositivos de compensação são utilizados para acomodar essas variações dimensionais e evitar danos nas tubulações.
- Indústria Eletrônica: Na indústria eletrônica, a variação dimensional é relevante em componentes como circuitos impressos e semicondutores. As mudanças de temperatura podem afetar o desempenho e a confiabilidade desses componentes. O conhecimento da variação dimensional ajuda a projetar dispositivos eletrônicos mais robustos, levando em consideração os efeitos térmicos.
Esses são apenas alguns exemplos das muitas aplicações práticas da variação dimensional em resposta às mudanças de temperatura. O entendimento desse fenômeno é essencial para projetar estruturas, sistemas e componentes confiáveis e duráveis, levando em consideração as características térmicas dos materiais envolvidos.
Referências:
Curso de Física Básica: Fluidos, Oscilações e Ondas, Calor (Volume 2)